Ao impedir a candidatura de todos que respondem a processo judicial, o Movimento Nacional de Combate à Corrupção Eleitoral quer evitar que escândalos políticos se tornem uma rotina brasileira – com a lamentável realidade de impunidade. Somente neste ano o Brasil já coleciona uma sucessão de denúncias envolvendo deputados e senadores com o uso indevido de verbas indenizatórias, nepotismo, empregadas domésticas pagas com dinheiro da Câmara, viagens a passeio ao exterior custeadas com dinheiro público e supersalários pagos a servidores.
Parte dos holofotes esteve voltada para Minas depois da revelação de que o deputado Edmar Moreira (sem partido) seria dono de um castelo avaliado em R$ 25 milhões na Zona da Mata. O parlamentar ainda foi acusado de pagar seguranças particulares com recursos da verba indenizatória – dinheiro para custear gastos do mandato, como escritórios políticos na base eleitoral e funcionários. Há poucos dias, o deputado mineiro foi absolvido das acusações no Conselho de Ética da Câmara.
O pagamento de horas extras a servidores do Senado durante o recesso de janeiro caiu como uma bomba em Brasília – mas apenas um terço dos senadores determinou que seus funcionários devolvessem os recursos. Como se não bastasse, os brasileiros ainda tiveram que ver a farra de senadores fretando jatinhos para viagens a seus estados e parlamentares com residência em Brasília embolsando recursos do auxílio-moradia.
Por meio de contratos de terceirização, parentes de diretores do Senado eram empregados em cargos públicos – a despeito de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter considerado o nepotismo algo ilegal. No meio da impunidade, sobrou para o lado mais fraco: empregadas domésticas de três parlamentares, pagas com recursos da Câmara, foram demitidas. Seus patrões, Arnaldo Jardim (PPS-SP), José Paulo Tófano (PV-SP) e Alberto Fraga (DEM-DF), no entanto, nada sofreram.
Pelo menos artistas, familiares e amigos de políticos perderam a “boquinha” de viajar com dinheiro do contribuinte brasileiro, saído dos cofres da Câmara e do Senado. Cotas destinadas a viagens dos parlamentares eram cedidas irregularmente para terceiros. Houve casos de parlamentares que vendiam as passagens aéreas, casos que estão sendo investigados pela Câmara. Deputados e senadores tiveram a cota para emissão de bilhetes reduzida em 20% e 25%. Para os deputados, ela varia de R$ 4,7 mil a R$ 18,7 mil, de acordo com Estado de origem. O uso também passou a ser restrito, limitando-se aos parlamentares, suas mulheres ou maridos, além de dependentes legais, como os filhos. No Senado, as cotas variam de R$ 13 mil a R$ 25 mil e não houve restrições de uso.
Fonte: Estado de Minas
Deixe um comentário